Para Refletir!!!

sábado, 31 de julho de 2010

Teu... Meu... Coração!!!


Rifa-se um coração
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que
também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer"
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta

Clarice Lispector

quinta-feira, 29 de julho de 2010

O tempo...


Uma questão de tempo...

Sim... as pessoas que amamos são insubstituíveis ao nosso coração.

Aquele lugarzinho que elas ocupam fica marcado com a presença delas, com o cheiro, com a forma e até o som do riso.

E quando elas partem forma-se o vácuo.

Mas se a presença física se foi, ficam ainda as lembranças de tudo aquilo que foi construído juntos: os momentos vividos, as horas compartilhadas, muitas vezes as partidas e reencontros...

A saudade é tão indizível quanto a dor que ela provoca.

Mas ainda existe uma esperança: quem faz o bem aqui, nunca vai completamente: essa pessoa vive através dos ensinamentos que deixou, vive através das marcas que foi colocando em cada passo, cada acontecimento...

E o que reconforta é a esperança de que esse ponto final colocado é apenas passageiro, pois o Senhor nos prometeu que um dia, no céu, nós nos reconheceríamos.

Então... é apenas uma questão de tempo.

Um dia a gente se reencontra fatalmente com aqueles que amamos e nos amaram acima de tudo nessa vida terrena.

E enquanto estamos aqui, vamos deixando nossas marcas também, por que há os que precisam de nós e os que um dia irão querer viver com a esperança de nos reencontrar.

Assim, um dia, numa promessa feita por Deus, haverá no céu uma grande festa.

Tudo é uma questão de tempo...

Letícia Thompson

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Fome de Amor!!!


Estamos com fome de amor

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão".

Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma.

Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas.

E saem sozinhas.

Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível.

E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".

Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos.

Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa.

Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.

Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele.

Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota que infeliz!

Arnaldo Jabor

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Não vai...!!!


Quando você vai embora.
Quando você vai embora, minha boca diz adeus, querendo dizer, fica comigo...
Quando você vai embora, minha mão aperta a sua, querendo dizer, me abraça...
Quando você vai embora, meus olhos, olham nos seus, queremdo dizer, um dia te verei novamente..
Quando você vai embora, minhas pernas dão os primeiros passos sozinho, querendo dizer, queria caminhar contigo...
Quando você vai embora, Fico te olhando, até desaparecer no horizonte, querendo dizer, volta, fica mais um instante...
Então fecho os olhos, baixo minha fronte e penso que nada disso foi dito, quando os abro novamente, no horizonte eu ja tinha te perdido....
Com uma lagrima na face e um gesto meio contido, falo baixinho para mim mesmo, foi muito bom ter te conhecido.

sábado, 3 de julho de 2010

Carta a um menino brasileiro


Menino,

Vi você chorando na arquibancada do Estádio Nelson Mandela Bay. Foi a primeira imagem que atraiu meu olhar depois da derrota do Brasil. Não sei se te consola, mas você nao foi o primeiro. Seu choro me fez lembrar de uma famosa capa do Jornal da Tarde em 1982. Faz muito tempo. O Brasil perdeu, eu era pequeno e fiquei muito triste. Essa memória me deu vontade de escrever, em seu nome, às crianças brasileiras.

Você é muito novo, e quatro anos ainda parecem muito tempo. Mas vá por mim, que já atravessei essa marca quatro vezes: passa depressa. Em 2014 tem Copa no Brasil e você vai poder voltar a um estádio para ver a seleção, perto de casa, talvez até com seus parentes e amigos. Vai ser legal.

Você também é muito novo para entender uma coisa importante, que nem muitos adultos entenderam ainda: nao dá para ganhar todas. O mundo é muito grande, tem muita gente boa de bola fora do Brasil. Ser brasileiro já nos dá o privilégio de ter visto nossa seleção ser campeã mais vezes do que qualquer outra. Imagina o que é ser criança na Holanda…

Você também é muito pequeno para saber que o futebol tem bem mais do que aquilo que a gente vê em campo. Sorte sua! Crescer tem muita coisa boa, mas também te faz aprender, meio na marra, que aquelas carinhas no seu álbum de figurinhas são de gente de carne e osso, com qualidades e defeitos, que erram e acertam… E às vezes nos deixam na mão.

Os brasileiros que erraram hoje já foram crianças como você. Sonharam com a Copa do Mundo e chegaram perto dela. Não sei se você está com raiva do Dunga, do Felipe Melo, ou só triste e achando que o futebol é injusto, como eu fiquei em 82. Talvez você ainda seja muito novo para pensar nisso também, mas não é questão de justiça.

Levou 12 anos depois daquele dia para eu ver o Brasil campeão. Quem sabe para você essa espera acaba em quatro, e no Brasil? Um escritor português tem uma frase legal sobre isso: o que há de bom nas derrotas é que elas não são eternas.

Daqui a pouco vou me ocupar de coisas mais adultas, falar da derrota de hoje na televisão e escrever um post com os números da partida. Mas queria deixar combinado que nós não vamos deixar esta derrota ser eterna.

Até 2014!

(Marcelo Barreto)